03/08/09

Existem dias em que a loucura é inata e nos sentimos tão inexoravelmente loucos que bizarra é a ideia de conseguirmos não o ser.
A sociedade e, sobretudo, a vida dentro da mesma torna-se uma prisão da qual é demasiado fácil fugir. As grilhetas são tão fáceis de quebrar num único e impetuoso grito de loucura. A única coisa que é um requerimento em absoluto obrigatório é a vontade de as quebrar, de ser, de facto e inegavelmente, louco.
E essa vontade vive, respira dentro do organismo humano, desse mecanismo de sentir e pensar, simultaneamente tão perfeito e tão defeituoso.
Será a loucura um dos muitos defeitos que fazem o homem, ou, pelo contrário, uma das características que completam a sua perfeição?

É tão fácil fugir, contudo. É até natural, não exige grande capacidade de raciocínio. Talvez por isso a sensação que deixa àquele que pratica a acção de fugir, seja a de cobardia.
Mas quando a escolha é entre a fuga e o ódio, o que deve ser escolhido? Será a raiva descarregada sobre os que a fumentam justificada como um acto de corajosa libertação da dor, ou trata-se apenas de outro modo de fuga?
Tantos dos nossos pensamentos encontram formas dissimuladas de se manifestar, numa tentativa de se tornarem menos pesados.

Quero fugir e deixar de ser, deixar de pensar e de sentir, deixar de ser um mecanismo humano funcional para me tornar qualquer outra coisa.
Porque os meus mecanismos de defesa não funcionam, porque não sei respirar sem dor, porque enveredei pelo tentador caminho da loucura.


sexta feira, 24/07/09

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