31/01/09

Homens entre homens

É uma comunhão interessante aquela que, rápida, quase instantaneamente, se forma entre um rapaz, frequentemente sob a condição de homem, e o esférico brinquedo de borracha que é a bola.
Por acção directa e indirecta de tal simples objecto ou entidade, o homem torna-se grupo, deixa de existir individualmente. Mesmo que cada personalidade, por sua vez inserida em estatutos, culturas e gostos, seja sua unicamente, não tem força suficiente. A mentalidade de grupo é imperativa, não no âmbito de grupo mas tão simplesmente no contacto directo com o objecto físico, a bola de borracha.
E o homem corre. Corre apenas por saber fazê-lo, é o seu instinto. A mente rende-se à energia pura do esforço do corpo. Energia forma então energia, num ciclo que não se pode nem se quer quebrar.
Somos, portanto, homens porque corremos. Talvez o sejamos.
Quem pode ousar concordar ou discordar com tal teoria se não há ou houve alguma vez alguém que, de humanidade condicionado, fosse capaz de verdadeira clarividência e percepção.
Limito-me então a correr. Corro porque e como posso mas corro. Por agora não preciso de mais nada.

17/10/08

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