21/04/09

Sociologia

Hoje subi ao topo da minha cidade e sentei-me sobre ele. Percorri os céus, vagueei no negrume pessoal do silêncio interior, mas não olhei para baixo.
Não me tentei com um relance rápido nem me delonguei com especulações do que pudesse encontrar abaixo do meu pedestal de pedra lascada.
Deixei a minha consciência esquecer-se, mesmo que apenas por instantes, de presenças que fisicamente me rodeavam e concentrar-se na egoísta escassez existencial.
Roubei, com o máximo de humildade que é permitido ao acto de roubar, a posição física dos antigos e roguei ao meu corpo exposto que guiasse os pensamentos que se soltavam, aleatórios.
O que aprendi com a experiência?
Francamente, pouco.
O que levei para a recordar? Dores latentes na cabeça e nas costas e uma desanimada sensação de perda por não ter aberto os olhos e visto o que havia abaixo de mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Texto nuito bonito... gostei especialmente da "egoísta escassez existencial". Gostei também la lucidez cortante e corajosa.