06/06/07

Tempo

Passa o tempo,
Firme,
Inegável.
Cantam os deuses que passa
E todos os homens escutam,
Todos correm, perdidos, tropeçam
E morrem.

Se não soubesse que passa
O tempo não passaria.
Rio-me para ninguém
Como se chorasse por todos.

Os nomes vãos daqueles que nunca tiveram nome,
Os nomes abatidos daqueles que tiveram nome e o esqueceram
Ou até os nomes que nunca o foram
Afogam-se no tempo,
Engolidos pelas ondas que revolvem os pêndulos.

Não lamentei os que lamentam
Mas o solitário poeta que não pode lamentar.
Não celebrei as vitórias alcançadas,
Não relembrei o passado com saudade,
Mas do caminho percorrido teci o presente e o futuro.

A memória ressurge dos domínios gélidos
Onde Àtropos, em máscara divina, cumpre o dever único.
Divide-se a linha quebrada,
Os olhos brancos soltam lágrimas secas
Porque não podem esquecer.

Debaixo do céu, no jardim,
Onde as correntes se agitam,
Perde-se a lembrança,
Morrem os mortos,
Cala-se o silêncio.
Termina, por fim.
Acaba.
Esquecem os homens
Os homens que antes foram.
*

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